Iniciativa da Preta Portê Filmes, o evento ocorre entre os dias 19 de novembro e 1º de dezembro e terá entrada franca. Um dos destaques é o documentário Dahomey, vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim deste ano e exibido recentemente na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, mas ainda inédito para o público carioca.
Com a proposta de trazer uma reflexão sobre a diversidade racial no cinema, o festival apresenta produções com foco na cinematografia negra. São documentários e ficções com o propósito de explorar e amplificar debates de alcance global.
“Buscamos obras que não apenas destacam narrativas de artistas e realizadores pretos, mas também abordam questões relevantes sobre a experiência negra no Brasil e no mundo”, explica Juliana Vicente, curadora do evento.
“São filmes que oferecem diferentes perspectivas e estilos, abrangendo tanto produções independentes quanto aquelas de maior reconhecimento. No processo de escolha também consideramos as inovações nas formas de produção e distribuição, destacando projetos que enfrentam os desafios do mercado audiovisual”, acrescenta.
Única produção internacional na mostra, Dahomey, da cineasta franco-senegalesa Mati Diop, reflete sobre o apagamento cultural promovido por países europeus em territórios africanos. O documentário acompanha a devolução de relíquias africanas levadas por tropas francesas em 1892 e em exibição no Museu do Quai Branly, em Paris, para seu país de origem, a atual República do Benin. A exibição, no sábado (23), será seguida de debate com as curadoras Juliana Vicente e Diana Silva Costa.
Dentre os documentários nacionais, os destaques ficam por conta de Othelo, o Grande, de Lucas H. Rossi, e Diálogos com Ruth de Souza, de Juliana Vicente. Ambos abordam a vida e obra de duas personalidades afro-brasileiras que deixaram enorme legado no audiovisual brasileiro: Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Otelo, um dos maiores atores e comediantes do país, e Ruth de Souza, uma das grandes damas da dramaturgia brasileira e referência para muitas mulheres negras.
Black Rio! Black Power
Também integram a programação longas como o premiado Black Rio! Black Power!, que conta a história do movimento Black Rio e seus impactos na música e nos rumos da política e do movimento negro no período de redemocratização brasileira; e Racionais: das ruas de São Paulo pro Mundo, que apresenta a história do lendário grupo de rap homônimo.
Dentre as ficções, Deixa, de Mariana Jaspe, traz Zezé Motta na pele de Carmen e acompanha o dia da personagem na véspera da soltura de seu marido da prisão. O filme esteve no Festival do Rio, em 2023, e no Festival Internacional de Cinema de João Pessoa, que deu para Zezé Motta o prêmio de melhor atriz.
As séries documentais Afrofluxo: O Som da Música Preta e Vidas que transcendem, ambas de Luz Barbosa, também integram a promoção. A primeira apresenta um panorama das raízes da música preta brasileira e a segunda faz um mergulho na vida de pessoas trans, travestis e não-binárias.
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