Os pesquisadores analisaram as operações policiais com base em três critérios, aos quais foram atribuídas notas: se houve presos ou vítimas (feridos ou mortos); se houve apreensão de armas e drogas ou recuperação de bens; e quais foram as motivações (mandado de busca e apreensão, repressão ao tráfico, disputa de grupos criminais, fuga/perseguição, operações patrimoniais, retaliação por morte/ataque, outros e sem informação).
As operações mais bem avaliadas foram aquelas com nenhum morto ou ferido, mas que resultaram em prisões e apreensões e que tiveram como motivação o cumprimento de mandados judiciais ou o atendimento a demandas urgentes da população.
As notas podem variar de -12 (menos 12) a +15 (mais 15). Fatores como não causar nenhuma morte resultam em nota positiva de 4 pontos, por exemplo, já as ações com três mortes ou mais resultam em perda de 5 pontos.
São eficientes apenas aquelas operações com notas 14 ou 15 e razoavelmente eficientes aquelas com resultado entre 11 e 13,5. As pouco eficientes são aquelas entre 7 e 10,5 pontos e as ineficientes, entre 1 e 6,5.
Aquelas com 0,5 ponto ou menos são classificadas como desastrosas. Das 22 mil operações analisadas, 8,9% foram consideradas desastrosas, 30% ineficientes e 45,3% pouco eficientes.
Em 2021, a pesquisa havia constatado que a eficiência era de 1,7% e as razoavelmente eficientes, 13,4%, enquanto as operações desastrosas eram 12,5%.
“Me parece que esse é um grande indicador da disfuncionalidade da segurança pública no Rio de Janeiro. É evidente que as operações policiais são instrumentos necessários, dado o cenário conflagrado da cidade. Mas essas operações se rotinizaram e acabaram se transformando nos elementos únicos da ação pública nessa área”, afirma o pesquisador Daniel Hirata. “E não tivemos um sistema de controle que pudesse pensar em maior eficiência dessas ações”.
Nessa quinta-feira (25), uma operação policial no complexo de favelas de Israel, na zona norte da cidade, para reprimir os roubos de veículos e de cargas na região, teve que ser suspenso depois de algumas horas, depois que seis civis foram baleados, dos quais três acabaram morrendo.
A operação causou vários transtornos às redes públicas de saúde e educação e também ao trânsito na Avenida Brasil, uma das principais vias da cidade, e ao transporte público na área. Segundo a Polícia Militar, apenas uma pessoa foi presa e duas granadas foram apreendidas.
Nesta sexta-feira, o governo do Rio de Janeiro decidiu reforçar o policiamento na Avenida Brasil e nas principais vias de acesso. De acordo com nota divulgada pelo governo, os batalhões operacionais da Polícia Militar atuam com adicional de viaturas, motopatrulhas e helicópteros para manter a segurança de quem trafega e mora no entorno da principal via expressa do Rio.
A decisão de intensificar o policiamento da área foi tomada pelo governador Cláudio Castro depois de uma reunião com a cúpula da segurança pública na tarde de ontem.
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